O nosso futebol precisa de MARKETING BOM.
Não estamos diante de nenhuma novidade no esporte nacional,
as dividas dos clubes já se tornaram uma questão “cultural”.
Cultua-se hoje no Brasil o fato de que a torcida e o futebol
podem vir depois, e o que tem vir à frente são os interesses de quem ganha no
momento, ou seja, dos políticos desportistas.
É um absurdo que seja necessário BDO vir a publico expor o
que todos já estão carecas de saber, e o pior, é bem provável que não mudará
nada.
O que é o futebol se não um esporte? E o que é o esporte se
não uma opção saudável de lazer para a sociedade.
Vivemos como todos sabem em uma sociedade cada vez mais
complexa e evolutiva, carregada por inovações tecnológicas que desencadeiam em
seus cidadãos, informações a todo instante, fazendo com que seus membros se
tornem cada vez mais exigentes.
A sociedade sempre foi uma parceira incondicional da
cultura, pois o que seria da sociedade sem identidades?
As danças e as musicas, os sotaques, as gastronomias, enfim,
tudo relacionado ao lazer e crescimento humano, precisa ser cultivado, e o
esporte sempre esteve junto com essas evoluções, a saber existem relatos dessa
parceria, desde a Grécia antiga, quando nos impérios gregos haviam as disputas
através dos jogos, até as civilizações mais distantes como os povos indígenas
usam os jogos como uma forma saudável de entretenimento, juntando habilidades
com emoções, todos participam, pois o esporte é um evento social em que as
pessoas desfrutam e obedecem regras, é assim que tem sido a milênios e é assim
que sempre será, pois o esporte não foi feito para alguns, mas para todos.
Porém, assim como na antiguidade, muitos entretenimentos
dividem as atenções sociais, e em nossos dias, são milhares as opções para entretenimentos,
cinema, shows, teatros, festas, etc. Mas ainda assim, o esporte talvez seja o
mais popular de todos, é só perguntar para qualquer pessoa se um dia ela não
chutou uma bola, jogou qualquer tipo de brincadeira, ou mesmo apostou corrida
com alguém?
Dentro do esporte existem varias vertentes, varias
modalidades, algumas milionárias e outras nem tanto, existem esportes para todas
as classes sociais, e o futebol sem sombras de duvidas talvez seja uma
modalidade de esporte que mais alcance as pessoas pelo mundo.
"O futebol tem a magia
da conquista e a força da vitória, que é capaz de transformar uma nação jovem
em velha senhora".
Porém, aqui no Brasil nos últimos trinta anos esse contexto
relacionado ao futebol ficou esquecido, passaram a não mais valorizar o
futebol, mas a se valorizarem através dele. O ápice dessa teoria é a realidade
em que se compõe a estrutura futebolística no país, onde cada jogador é uma
empresa e cada clube uma instituição.
"Valores invertidos, que levaram a semifalência dos clubes e enriquecimento
dos jogadores".
Óbvio que não podemos descartar que o caminho trilhado pelos
jogadores, através de seus sindicatos, associações, e regras como a lei Pelé e
outros, seja um caminho inteligente e justo, o problema é que os clubes não
caminharam, não evoluíram, e continuaram sendo instituições estagnadas, não
alteraram adequadamente os seus estatutos e consequentemente não combateram os
seus vícios. O que vemos hoje são ações irresponsáveis nas instituições
futebolísticas, onde interagem os interesses e não a coerência.
"Podemos definir que futebol é igual a: governo +clubes +publico.
Os três precisam ganhar".
O público quer entretenimento e diversão, mas quando olha
para uma tela de televisão e ve uma estética pobre, com arquibancadas vazias,
dois times com uniformes sem vida, com estádios feios, mal cuidados, com carros
de policia aparecendo ao fundo, ambulâncias, cachorros, policiais, iluminações horríveis, e pior de tudo, o
principal que é o palco, na maioria das vezes ridículo, cheio de buracos e
falhas, parecendo pasto em tempo de seca, é deprimente, e a maioria dos candidatos que se aventuram a
assistir tal espetáculo, acaba por se pegar no sono.
"Futebol deveria ser um show".
O dia em que se despertarem para essa realidade, talvez as
coisas comecem a mudar para melhor.
O publico quer show, e o show não pode ser só ver o Neymar
jogando, porque no dia em que ele jogar nada, então nesse dia não haverá show,
e não pode ser assim, pois a máxima do show é: “O show tem que continuar”.
Nesse caso não podemos viver reféns de um só astro ou
estrela, o espetáculo precisa ter luzes, direção, criação e arte, para que se
possa gerar fascínio.
Para termos dimensão do quanto estamos distantes disso em
nosso país, é só observarmos o próprio campeonato brasileiro, o maior evento esportivo
do país não tem uma vinheta própria patenteada pela confederação, não tem um
padrão.
O Brasil é hoje a quinta economia mundial e esta em ascensão,
mas é uma pena que nesse contexto, não se aproveite o que o país tem de melhor,
que é o futebol. É um absurdo o que acontece no Brasil, no quesito
“organização” vale lembrar a taça de bolinhas por exemplo, que até hoje não tem
um dono definido, uma confederação incapaz de realizar um julgamento
definitivo, porque depende de uma estrutura politica governamental, escalada a
risca pela justiça federal, que opina por ultimo em um setor social, que é o
futebol do Brasil. A confederação brasileira de futebol é uma autarquia, mas
nos âmbitos de seus interesses, a justiça não pode revogar aquilo considerado
patrimônio de uma nação, que é o futebol
brasileiro.
O modelo dos clubes brasileiros, ainda seguem o modelo das
federações, e o futebol que assim como a democracia, é do povo para o povo,
torna-se um produto muito bom, empoeirando em uma prateleira, porque os ciúmes
e as invejas entre os vendedores não o deixa ser comercializado justamente. O
futebol hoje no Brasil, é como um super-herói trancado em uma cela de
criptonita. Pode ser que tudo isso mude a partir de amanha, mas até o dia de
hoje é o que conseguimos ver.
Tão simples seria se a confederação assumisse uma postura
mais profissional, elegesse um grande conselho, não só entre as federações, mas
entre todos os cidadãos nacionais e convocasse um plebiscito, no qual seria
outorgada novas regras e novos moldes de gestões, com caráter profissionais e
posturas flexíveis, deixando de ser um ferro velho entrevado e se transformando
em uma indústria de shows.
Coordenadas para a Confederação:
Existe hoje no Brasil a necessidade de sabermos se o
campeonato brasileiro é de times ou de regiões.
Para times existe o atual molde de campeonato o que até
certo ponto chega a ser lamentável.
Recordemos que antes
de haver a reunião dos trezes e no período em que o campeonato nacional tinha
um representante de cada região do país, o futebol nacional era mais rico, as
pessoas torciam mais, iam aos estádios, e os times cresciam, havia mais
oportunidades, mais empregos e por fim, mais opções de entretenimento para o público.
Com o modelo atual, muitos clubes faliram e foram extintos, alguns
estados nunca mais trouxeram grandes times para seus estádios e o futebol parou
de crescer no Brasil.
Atualmente os estados de São Paulo e Rio de Janeiro
proporcionam grandes espetáculos ao publico nacional, e Minas Gerais e Rio
Grande do Sul vem bem mais atrás, os espetáculos das regiões nordeste e norte
são bem mais raros e no centro oeste existe uma oscilação ainda que rara
também. Na grande maioria dos estados do Brasil (que é a federação) o futebol
praticamente morreu. No atual modelo é legalmente possível, apesar de utópico,
que apenas um estado preencha as vagas da serie A, podendo o campeonato
brasileiro um dia, ser um nacional de um estado só.
O oligopólio criado pelo clube dos treze que não é mais treze,
entrou em crise quando subestimaram a demanda do público brasileiro, não dando
importância para o publico fora do eixo sul e sudeste do país, o ápice dessa
crise foi quando, absurdamente endividados, alguns clubes resolveram formalizar
contratos independentes com a tv, fortalecendo o monopólio de transmissões.
A confederação deixa de ganhar muito mais nesse molde,
criando um circulo vicioso e doentio entre os clubes, pois os mesmos não conseguem
pagar as suas dividas, ao contrário, as tem aumentado, é como se um pai
estivesse educando mal a seus filhos, deixando-os preguiçosos, querendo
conquistar tudo facilmente, sem esforços. Os clubes no Brasil hoje aproveitam
muito mal os seus potenciais, investem erroneamente, não tem planejamento de
mkt adequados, com gestões praticamente amadoras.
Clubes das regiões menos favorecidas continuam teimosamente
a insistir em acompanhar os moldes engessados da confederação e se contentam
com migalhas, quando na verdade poderiam ter muito mais. Criou um dia o clube
dos treze, porque não agora ser criado o clube dos 65, reunindo todas as áreas
norte, nordeste, centro oeste e quem quisesse entrar do sul e sudeste. Evidente
que muitas barreiras impedem esse projeto, a começar da própria confederação
que provavelmente não iria reconhecer os títulos dessa Liga, impedindo que os
mesmos participassem da Libertadores e também do mundial interclubes. No
entanto, o fato de atualmente haver monopólio nas transmissões, não impede que
os clubes excluídos assinem contratos com outras emissoras, sejam elas
nacionais e até internacionais, não impede também, que uma Liga de futebol
criada aqui, interaja com outros ligas internacionais, criando competições
internacionais paralelas e respeitadas. Um projeto bem feito e de qualidade,
iria atrair o publico e consequentemente investidores.
Mas para evitar essa, que seria uma espécie de rebelião
desportiva, a confederação poderia rever os conceitos e reavaliar o atual molde
de nossos campeonatos.
A regionalização do campeonato brasileiro ou da copa do
Brasil poderia ser uma boa solução para o esporte nacional.
O Brasil é um país continente, e compara-lo à Espanha,
Itália ou Inglaterra, seria no mínimo desproporcional, e nesse caso a
distribuições regionalizadas dos campeonatos talvez fosse uma boa saida.
No inicio seria um choque para equipes consideradas grandes
como Santos, Corinthians, São Paulo, Flamengo, Vasco etc, todos brigando entre
si para apenas uma vaga, enquanto no norte do país equipes consideradas
medíocres iriam ter a sua vaga garantida na libertadores ou Sul Americana
através do seu campeão regional.
Mas vale ressaltar
que isso seria por médio prazo, logo essa equipes consideradas um nada diante
das super potencias iriam se fortalecer, e com isso a economia e o esporte
dessas regiões, principalmente o futebol, iria contribuir bastante pra o
progresso socioeconômico. Sem contar que o campeonato em sua reta final ficaria
bem mais emocionante com participantes campeões do sul, nordeste, centro oeste
e sudeste.
Campeonato Brasileiro ou Copa do Brasil regionalizado series
A,B e C, teria como finalistas os campeões de cada região jogando entre si em
jogos de ida e volta;
·
O campeão seria o time que fizesse mais pontos.
·
1º e 2º colocados garantiriam vagas na
Libertadores e 3º,4ºe 5] ficariam com vagas para Sul Americana.
·
Participariam das disputas dos títulos das regiões
(Áreas), os campeões de seus respectivos estados.
·
As regiões seriam divididas como segue abaixo:
a-
Área norte
b-
Área Sul
c-
Área Sudeste
d-
Área Nordeste
e-
Área Centro oeste
·
Os governos de cada estado seriam parceiros
atuantes das federações, ajudando na implementações dos palcos, para
realizações de verdadeiros shows nos estádios.
·
Os shows seriam vendidos para os canais de tv
(sem monopólios).
·
Haveria regras severas para as participações dos
estados nos quesitos:
A - Segurança e comodidade para os
consumidores dentro e fora dos espetáculos;
B - Para as plásticas dos espetáculos,
uniformes, bola, campo e arquibancadas, iluminação, som e imagens;
C – Participação social.
·
O Campeonato teria uma musica oficial para a
abertura. Que tal Aquarela do Brasil com mix de bossa nova e samba?
·
O
campeonato teria uma sigla ou símbolo, que seria destacado em todas as suas
aberturas.
Não é necessário dizer que nesse contexto os clubes
precisariam começar a ter uma postura coorporativa, ou transformando-se em Sociedades
Anônimas SA, regularizando os seus departamentos, através de profissionais
adequados para os mesmos.
"A falta desses profissionais nos clubes vem desencadeando
verdadeiros desastres em alguns clubes, com decisões inevitavelmente confusas e
até patéticas em determinados momentos".
Presenciamos no momento, por exemplo, um clube no Brasil com
mais de 35 milhões de adeptos (consumidores) sem acesso a essa riqueza. Em uma
clara deficiência de comunicação e Marketing, aliás, o Marketing no futebol é imprescindível,
e deveria ser tratado como a menina dos olhos, o que não vem acontecendo na
maioria das administrações futebolísticas do país.
Vale ressaltar que essas opiniões devem se estender para a
CONMEBOL, pois não é só o Brasil que esta precisando de uma reformulação, mas o
futebol sul americano precisa se renovar, ou continuara a caminhar a passos
largos para o insucesso.
Márcio Almeida
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